é um poema xunxado de metáforas e alterações sobre revidar mesmo estando todo arrebentado..
colibri..
caí do copo e molhei a mesa para amar o rumo abaixo..
rema a gota.. a gota rema..
matei uma mosca amuada no ar e
fustiguei umas formigas festejando minha façanha..
queda é quebra.. quebra é caco..
¿o colibri abrirá o bico?
¿a lombra das lágrimas ou o vão do vinho?
¿a certeza da cerveja ou o sentido do suor?
correu e escorreu os cacos de córregos regando frestas em frustrações e as farras
no formigueiro..
a face aferroada na fúria..
o fim mal feito na fôrma do inferno..
as prostitutas ensinaram como costurar cardumes impescáveis..
revidei no rio para morrer no mar..
o colibri pousou no seio de uma delas e uma salvadora gota desgarrada me
arrastou..
sorte não ser de resistência..
resolução é revidar até avançar apenas..
sem pena.. sem paródia.. sem concílio.. sem concessão..
o colibri abriu o bico e a bica banhou o burburinho bárbaro..
bem aventurado, não aprendi a nadar..
mas dando imensidões sem mensurar nada..
foi assim que o colibri não me cobrou o bacamarte que roubei ao cair do copo..
era uma cozinha.. sozinha e assanhada..
e o sonho que tive destampou todas as garrafas e panelas.. fogões e geladeiras..
e até o pivete com um pedaço de pão no torniquete decidiu que era a hora de
acabar com o banquete milenar..
¡fodam-se os filósofos fascistas!
ele cantou antes de matar o marechal numa cratera cartesiana..
meu copo era um corpo quebrado nesse canto..
ainda assim o saldei e no voo do colibri blindado de brindes e bravuras,
desafoguei minha última gota agrilhoda no gólgota de meu inferno e
fui fazer o que tem que ser feito com o colibri no bico do peito..