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  • Stella D'Avansso

Dias no Quarto

Um texto interativo sobre um rapaz em seu quarto, evitando estar vivo ou ao menos estar acordado. As coisas ficam cada dia mais estranhas, mas tudo parece ser como foi no dia anterior. Baseado em fatos assustadores e muito reais.

Você é um rapaz em seu quarto, evitando estar vivo ou ao menos estar acordado. As coisas ficam cada dia mais estranhas, mas tudo parece ser como foi no dia anterior.


Seus olhos se abrem devagar, parece que acabou de sair de um sonho ruim. Você respira fundo e tenta se levantar com dificuldade, faz muito tempo que as coisas deixaram de fazer sentido. Você vê a decadência ao redor, o seu quarto, as ruínas do que você ainda é, cada objeto como sempre foi, mas algo parece diferente desta vez.


Ir em direção ao guarda-roupa (vá para 1)

Ir em direção à janela (vá para 2)

Ir em direção à escrivaninha (vá para 3)




1

As poucas roupas compradas uns 5 anos atrás se amontoam dentro do pequeno guarda-roupa de MDF. Não existe muito propósito em vestir algo diferente hoje, então desiste de procurar uma roupa limpa no meio da bagunça.

Do espelho fixado na porta do móvel vê seu próprio reflexo, uma figura triste e cansada. Você emite um suspiro grave e profundo.


Ir em direção à janela (vá para 2)

Ir em direção à estante (vá para 4)

Olhar debaixo da cama (vá para 5)


2

Sua janela não te fornece muita paisagem, além do muro cinza que encara o seu quarto.


Abrir a janela (vá para 6)

Abrir a janela e pular (vá para 7)

Dar um soco no vidro da janela (vá para 8)


3

A escrivaninha é uma instalação à parte em meio ao caos do quarto. Há vários frascos de desodorante vazios, cadernos rabiscados da época da escola e outras inutilidades em cima da mesa, assim como sua coleção de facas que acumulou com um rigor artístico. Você sorri, orgulhoso e escolhe um dos itens que te chama a atenção.


Pegar uma das facas (vá para 9)

Pegar a tesoura (vá para 10)

Pegar o pedaço de papel (vá para 11)


4

Sua estante é uma extensão da escrivaninha, que reúne uma pequena coleção eclética de livros presenteados, alguns outros escolhidos por você, além de diversos volumes de mangás que foram prontamente devorados no mesmo dia que os pegou em suas mãos.


Ler “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” de Olavo de Carvalho (vá para 12)

Ler um livro religioso qualquer que você esqueceu que estava ali (vá para 13)

Queimar todos os seus livros (vá para 14)


5

Opa! Território desconhecido. Faz muito tempo que você vem esquecendo de limpar as fezes do seu coelho, que vive no seu quarto e defeca livremente pelo chão e agora o amontoado de bolo fecal se transformou num monstro que habita ali.


Tentar matar o monstro (vá para 15)

Tentar conversar com o monstro (vá para 16)


6

Você encara o muro cinza até a própria cor deixar de fazer sentido.


Pular da janela (vá para 7)

Deixar a janela aberta (vá para 17)


7

A janela está a menos de 1 metro do chão na sua casa terrea, você torce o tornozelo e resolve dormir para passar a dor.


Volte para o início.


8

Você soca a janela e um dos fragmentos de vidro faz um pequeno corte na sua mão. Você desmaia ao ver o sangue.


Volte para o início.


9

Você não tem muitas ideias do que fazer com uma faca agora e resolve voltar a dormir.


Volte para o início.


10

A tesoura cega e enferrujada te dá algumas ideias loucas. Você tenta resistir, mas seus pensamentos intrusivos vencem.


Cortar o cabelo de acordo com um tutorial da internet (vá para 18)

Tentar acertar sua jugular (vá para 19)


11

O pedaço de papel está dobrado em algumas partes e revela a carta de uma ex, com muitos detalhes já esquecidos do motivo de um término doloroso de anos atrás. Você sente raiva, saudade e culpa.


Chorar (vá para 20)

Amassar o papel e jogar fora (vá para 21)

Comer o papel (vá para 22)


12

Você é inspirado pelas palavras do mestre Olavo e se torna um ícone da extrema direita no Brasil, porém durante uma nova pandemia não aceita tomar as vacinas contra o novo vírus e morre infectado.


Volte para o início.


13

Você é inspirado pelas palavras do livro, começa a frequentar diferentes cultos e funda sua própria seita, que ganha muitos adeptos em todo o país. Os líderes religiosos de outras crenças ficam preocupados por sua influência, uns passam a te chamar de anticristo, outros de o novo messias e começa uma nova perseguição contra sua imagem. Seu corpo é encontrado por investigadores em um galpão duvidoso em São Paulo, próximo ao templo de seu principal rival.


Volte para o início.


14

Não há como queimar os seus livros. Você fica frustrado e morre de frustração.


Volte para o início.


15

Você tenta matar o monstro, mas seu coelho te impede com muito remorso, te deixando vulnerável aos

ataques fatais.


Volte para o início.


16

O monstro responde com seu sotaque de monstro:

— Eu sempre quis que a gente conversasse, sabe? Mas você nunca olhou aqui embaixo em todos esses anos. Eu só tive os ácaros como amigos.


“Po, cara. Eu não falei nada porque você nunca me chamou” (vá para 23)

“Qual seu nome?” (vá para 24)


17

Você cria o costume de sempre deixar a sua janela aberta e durante o inverno morre de pneumonia.


Volte para o início.


18

A tesoura estava cega e o tutorial era horrível, o resultado não é o esperado e você resolve dormir para esquecer.


Volte para o início.


19

Você erra tão feio que acerta em algo macio atrás de você. É ele, o seu mais fiel companheiro, o monstro feito de fezes que habita a escuridão do espaço debaixo da sua cama, aquele que sempre sussurra palavras de conforto quando você está se sentindo desmontado.

— Não! — Você grita — Você não! Você é tudo o que eu tenho!

— Shh! — Ele segura seu rosto entre seus dedos gigantes de monstro — eu sempre soube que este dia chegaria. Você abraça o monstro.

— Eu não quero que você vá!

— Eu sei, mas você precisa me deixar ir!

— Não!


Volte para o início.


20

Você chora muito até cochilar.


Volte para o início.


21

Enquanto você amassa o papel, um pequeno corte é feito no seu dedo sem que perceba. Em algum momento, um corpo estranho acessa seu sistema nervoso através do corte. Você morre de infecção em alguns dias.


Volte para o início.


22

Parabéns! Você percebe que isso foi uma péssima decisão e vomita o papel, deixando seu quarto ainda mais imundo e triste. Você está decepcionado consigo mesmo e resolve dormir.


Volte para o início.


23

— Você nunca me chamou também… — ele olha para baixo e depois pra você, meio sem jeito.


Tentar beijar o monstro (vá para 25)

Ignorar, novamente, o monstro feito das fezes do seu coelho (voltar para o início)


24

— Ninguém pode saber o meu nome! — O monstro grita, enquanto esmaga o seu crânio com seus punhos enormes.


Voltar para o início.


25

— Cara, não! Você entendeu tudo errado! — O monstro suspira — Não vou perder meu tempo com você.

O monstro junta as coisas dele e sai debaixo da sua cama para sempre. Você chora amargurado até dormir.


Volte para o início.

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