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Gustavo Franca

O SILÊNCIO EM SEU DIVINO PARADOXO

bom pra pensar!

Disseram-me que mesmo em uma cápsula a vácuo construída pela NASA, o silêncio não existe em sua totalidade. Todas as coisas nesse mundo emitem som, desde a contínua pulsação do coração aos passos de uma formiga. Se em um mundo que se faz e se recria através de sons, quais são as possibilidades reais de nos silenciar? Melhor que responder, é pensar sobre.

Nas recorrências das elaborações cognitivas e situações das quais alguns se vêem provocados a dizer algo, coexiste em disputa aquele outro lado que nos alerta, castra ou busca nos defender dos efeitos causados pelo dito. Na singularidade do silêncio é que se faz o ritmo, melodia, notas e sinfonias. O vazio no espaço antes de promulgar a próxima nota é que define a música.

Nas incertezas de nós, as disputas constantes entre dizer e não dizer é que expressa os modos de ser e estar no mundo. O silêncio é reza, proteção, intimidade, mas é também, pederastia passiva na qual muitas vezes submetemos ao desejo do outro ou até definimos um lado pela simples escolha (ou sua falta) de silenciar. Outras tantas vezes o silêncio é compreensão e acolhimento, todavia, também se apresenta como fuga ou contradição.

E o que é mais incrível, paradoxal e destoante é que o silêncio diz. As percepções mais profundas, as sensibilidades mais agudas e entrelaçadas sensorialmente se dá em um silenciamento mental. As tantas tradições de povos dissidentes nos informa que é através do silêncio de si que se ouve as vozes, dores, espíritos e até deuses.

A sinfonia calada é tudo e nada, solidão e companhia, ataque e defesa, certeza e incongruência, dor e êxtase. O silêncio é o fio revelador não tangível de verdades invisíveis, de certezas secretas e de mentiras inconscientes. Talvez não tão inconscientes assim…


Ah, o Silêncio, em sua divina presença apresenta. E a ti, peço que faça-me ouvi-lo melhor, faça-me compreendê-lo melhor, faça-me atento e faça-me fruí-lo.. Que assim seja!

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