Retrato falado é a seleção de cinco poemas que poderiam me retratar, retratar algo que as lentes da câmera não captam, o que os olhos não vem e o coração não sente. Pensamentos obsessivos, reflexões madrugais, o que há de mais íntimo, o fluxo contínuo das palavras que passam por mim.
Em suma
Ariano Suassuna na sauna
Seria sem sombra de dúvidas um súbito surto, um susto
Surpresa!!!!
Sim, se não tivesse sol, sei lá mais o que poderia surgir
As palavras com “s” vão acabando e serei eu sozinha
que terei que suscitar súplicas, salivas, tirar o siso sinistro que está alocado em minha boca há seis meses
E de quebra descolar um sorriso com menos quatro dentes na boca
Serei suspeita de muita coisa
Socos e sacolas levo em minhas mãos
Suspiros e sussurros
Você encontra comigo
Na cama
Entre quatro
Paredes
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Uma hora a fonte esgota
E o esgoto da minha rua continua aberto
E por falar em abertura
Sabe o que que abriu? E não foi o mês?
Te conto em detalhes, mas já aviso que são seis
Vagas
Tinha muito espaço vago, então decidi
Residência artística in my heart
Agora e aqui
Bem dentro de mim
E ainda garanto que não é o fim
Para quem não conseguir me habitar
In the frist moment
Eu recomendaria esperar
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Meu one drive não é
One two
Nem four hundred four
No meu not sem book
Há vírus sem virose
Mas com suspeita de covid
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Buracos nas profundezas oceânicas, como é doce a Oceania
Oceano mesmo é a canção do Djavan
E caetaneando o que há de bom descobri que o particípio não existe e tudo que participo se não é esquema é golpe, se não é escama é glote se fechando e abrindo caminhos pra quem passa
E quem deixa de passar
A gente recruta para o segundo tempo
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Quarto sala e olhe lá
Quarenta e sete metros triangulares
Cada ponta um ponto
Uma aresta destra
E dois vértices frontais
Sem papas na língua
Nem papai e mamãe para me defender
Defensora universal do direito de ficar sozinha
Agora pago o preço da minha própria companhia
Antes fosse
Aérea